“Martírio” Diário, Entrega Total e Fortaleza.

PÔR A META da nossa vida em seguir o Senhor de perto e progredir sempre nesse seguimento já requer fortaleza, porque a imitação de Jesus Cristo nunca foi uma tarefa cômoda; é um ideal alegre, extremamente alegre, mas sacrificado. E depois da primeira decisão, vem a de cada momento, a de cada dia. O cristão deve ser forte para empreender o caminho da santidade e para reempreendê-lo a cada uma das suas etapas, para perseverar sem amolecer, apesar de todos os obstáculos externos e internos que possam apresentar-se.

Necessitamos de fortaleza para ser fiéis nas pequenas coisas de cada dia, que são, em última análise, as que nos aproximam ou nos afastam de Deus. Essa atitude de firmeza manifesta-se no trabalho, na vida familiar, perante a dor e a doença, diante dos possíveis desânimos que tirariam a paz se não houvesse um esforço decidido por superá-los, apoiados sempre na consideração de que Deus é nosso Pai e permanece junto de cada um dos seus filhos.

Precisamos da virtude da fortaleza para evitar que nos extraviemos, para deixar de lado as bugigangas da terra, não permitindo que o coração se apegue a elas. Muitos cristãos parecem ter esquecido que Cristo é verdadeiramente o tesouro escondido, a pérola preciosa, por cuja posse vale a pena não encher o coração de bens minúsculos e relativos, pois “quem conhece as riquezas de Cristo Nosso Senhor, despreza por elas todas as coisas; para esse homem, as posses, as riquezas e as honras são como lixo. Porque não há nada que se possa comparar àquele supremo tesouro, nem que se possa trazer à sua presença”. Para estarmos realmente desprendidos dos bens que devemos utilizar e não os convertermos em fins, devemos ser fortes.

A virtude da fortaleza leva-nos também a ser pacientes perante os acontecimentos e notícias desagradáveis e perante os obstáculos que se apresentam todos os dias. Não é próprio de um cristão que vive na presença de seu Pai-Deus, andar com um aspecto azedo, mal-humorado ou triste por causa de uma espera que se prolonga, de uns planos que tem de mudar à última hora, ou de um pequeno (ou grande) fracasso.

A paciência leva-nos a ser compreensivos com os outros, quando parece que não melhoram ou não põem todo o interesse em corrigir-se, e a tratá-los sempre com caridade, com apreço humano e sentido sobrenatural. Quem tem ao seu cuidado a formação de outras pessoas (pais, mestres, superiores…) necessita particularmente desta virtude, porque “governar, muitas vezes, consiste em saber «ir puxando» pelas pessoas, com paciência e carinho”.

Para fazermos o nosso exame nesta matéria, há de servir-nos de muito este conselho: “Nas relações com os que te cercam, tens de conduzir-te cada dia com muita compreensão, com muito carinho, juntamente – é claro – com toda a energia necessária: de outro modo, a compreensão e o carinho se convertem em cumplicidade e egoísmo”. A caridade nunca é fraqueza, e a fortaleza, por sua vez, não deve supor uma atitude irritada, áspera e mal-humorada.

EM COMPARAÇÃO COM TODOS os fiéis que compõem a Igreja, são poucos aqueles a quem o Senhor pede um testemunho de fé mediante o derramamento de sangue, mas a ninguém deixa Ele de pedir a entrega da vida, pouco a pouco, com um heroísmo escondido, no cumprimento do dever, na luta por uma maior coerência com a fé cristã, exteriorizada mediante um exemplo que arraste e estimule.

Não basta viver interiormente a doutrina de Cristo: seria falsa uma fé que não tivesse manifestações externas. Os cristãos não podem dar a impressão – pela sua passividade ou por não quererem comprometer-se – de que não encaram a sua fé como o valor mais importante da sua vida ou de que não consideram os ensinamentos da Igreja como um elemento vital da sua conduta. “O Senhor necessita de almas fortes e audazes, que não pactuem com a mediocridade e penetrem com passo firme em todos os ambientes”.

E existem épocas em que pode haver graves razões de caridade para confortarmos com o testemunho da nossa fé os que andam vacilantes: mediante uma confissão decidida e sem complexos como a de João Batista, que arraste e mova.

A honra de Deus está acima das conveniências pessoais. Não podemos permanecer passivos quando se quer colocar Deus entre parêntesis na vida pública, ou quando homens sectários pretendem confiná-lo no fundo das consciências. Não podemos estar calados quando há tantas pessoas ao nosso lado que nos olham à espera de um testemunho coerente com a fé que professamos.

Este testemunho consistirá umas vezes na exemplaridade ao longo das muitas horas de trabalho profissional, na caridade e na compreensão com todos, na alegria que revela aos demais homens uma paz nascida do relacionamento com Deus… Outras, estará na defesa serena e firme do Sumo Pontífice ou da hierarquia da Igreja, na refutação de uma doutrina errônea ou confusa… Sempre com serenidade e sem destemperos – que não fazem bem e não são próprios de um cristão -, mas com firmeza.

Fonte: Falar com Deus

Massinha nas mãos do Senhor…

Um tronco de árvore grosso e disforme nunca sonharia poder transformar-se em obra de arte, e por isso nunca se submeteria ao escopro e ao martelo do escultor, capaz de ver nele o que dele pode ser feito (Santo Inácio).

Peço a graça de me deixar esculpir e modelar pelo Deus que me ama, que me criou e que me sustenta.

Luz do Mundo… Também no Trabalho !

¨O TRABALHO, o prestígio profissional, é o candeeiro sobre o qual deve brilhar a luz de Cristo. Que apostolado poderia realizar uma mãe de família que não cuidasse com esmero do seu lar? Como poderia falar de Deus aos seus amigos um estudante que não estudasse? Ou um empresário que não vivesse os princípios da justiça social com os seus empregados…?

O Senhor quer que o farmacêutico avie uma receita com competência, que o profissional liberal seja honesto e leal nos serviços que presta, que o funcionário público seja justo, atencioso e insubornável, que o taxista conheça bem as ruas da grande cidade, que o motorista de um meio público de transporte não maltrate os passageiros pela maneira precipitada e aos solavancos com que conduz… E os exemplos poderiam multiplicar?se até o infinito.

Toda a vida do Senhor dá?nos a entender que, sem a honestidade, a diligência e a perfeição na execução próprias de um bom trabalhador, a vida cristã fica reduzida, quando muito, a um feixe de desejos, talvez aparentemente piedosos, mas estéreis. Cada cristão deve “viver de tal modo que à sua volta se perceba o bonus odor Christi (cfr. 2 Cor 2, 15), o bom odor de Cristo; deve agir de tal modo que, através das ações do discípulo, se possa descobrir o rosto do Mestre”.

Desde o começo da sua vida pública, o Senhor foi conhecido como o carpinteiro, filho de Maria. E perante os milagres, a multidão exclamava: Fez tudo bem feito!, absolutamente tudo: “os grandes prodígios e as coisas triviais, cotidianas, que a ninguém deslumbraram, mas que Cristo realizou com a plenitude de quem é perfectus Deus, perfectus homo (Símbolo Quicumque), perfeito Deus e homem perfeito”. Jesus, que quis servir?se de imagens tiradas dos mais diversos ofícios para exemplificar os seus ensinamentos, “olha com amor o trabalho, as suas diversas manifestações, vendo em cada uma delas um aspecto particular da semelhança do homem com Deus, Criador e Pai”.

Para chegarmos a ter um sólido prestígio profissional, é necessário cuidarmos da formação própria da nossa atividade ou ofício, dedicar?lhe as horas necessárias, fixar metas para aperfeiçoá?la cada dia, mesmo depois de concluídos os estudos ou o período de aprendizagem. Os conhecimentos profissionais devem ser vistos por nós como um cabedal posto por Deus nas nossas mãos para que o façamos crescer. Não nos esqueçamos nunca de que, para nós, a vocação profissional é um elemento da vocação cristã.

Desprendimento…

Naquele tempo tendo Jesus saído para se pôr a caminho, veio alguém correndo e, dobrando os joelhos diante dele, suplicou-lhe: “Bom Mestre, que farei para alcançara vida eterna?” Jesus disse-lhe: “Por que me chamas bom? Só Deus é bom. Conheces os mandamentos: não mates; não cometas adultério; não furtes; não digas falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe.” Ele respondeu-lhe: “Mestre, tudo isto tenho observado desde a minha mocidade.” Jesus fixou nele o olhar, amou-o e disse-lhe: “Uma só coisa te falta; vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me.

Deus chama a todos: sãos e enfermos; pessoas com grandes qualidades ou de capacidade modesta; os que possuem riquezas e os que passam por dificuldades; os jovens, os anciãos e os de idade madura. Cada homem, cada mulher, deve descobrir o caminho peculiar a que Deus o chama. Mas, seja qual for esse caminho, chama todos à santidade, à generosidade, ao desprendimento, à entrega; diz a todos no seu interior: Vem e segue-me.

Aquele jovem vê de repente a sua vocação: a chamada para uma entrega plena. O seu encontro com Jesus descobre-lhe o sentido e a tarefa fundamental da sua vida. Mas descobre-lhe ao mesmo tempo até onde chegava a sua verdadeira disponibilidade. Até aquele momento, julgava cumprir a vontade de Deus porque cumpria os mandamentos da Lei. Quando Cristo lhe desvenda o panorama de uma entrega completa, percebe quanto apego tem às suas coisas e como é pequeno o seu amor à vontade de Deus. Hoje, essa cena continua a repetir-se.

A chamada do Senhor que nos convida a segui-lo de perto exige uma atitude de resposta contínua, porque Ele, nas suas diferentes chamadas, pede uma correspondência dócil e generosa ao longo da vida. Por isso, devemos situar-nos com freqüência diante de Deus – cara a cara, sem anonimato – e perguntar-lhe como o jovem do Evangelho: Que me falta? Que exigências tem hoje a minha vocação de cristão nas minhas circunstâncias? Que caminho o Senhor quer que eu siga?

Devemos considerar com atenção o ensinamento de Jesus e aplicá-lo à nossa vida: não se pode conciliar o amor a Deus – esse segui-lo de perto – com o apego aos bens materiais: num mesmo coração, não pode haver lugar para esses dois amores juntos. O homem pode orientar a sua vida propondo-se Deus como fim, e alcançá-lo também, com a ajuda da graça, através das coisas materiais, usando-as apenas como meios que são e na justa medida em que o forem; ou infelizmente pode pôr nas riquezas a esperança da sua plenitude e felicidade: desejo desmedido de bens, de luxo, de comodismo, ambição, cobiça…

A passagem do Evangelho nos ensina que se colocamos nossa segurança nesse mundo não alcançaremos o sentido pleno da vida e nem a verdadeira alegria; pelo contrário, renunciando a nós mesmos e aos bens materiais pelo Reino dos céus, aparentemente se perde muito, mas na realidade ganhamos tudo! As renúncias que Cristo exige de nós requerem uma fé ardente em Sua pessoa e uma confiança absoluta em Seu amor. Também são uma chamada à esperança, pois nos faz ver os bens materiais como relativos e passageiros, para buscar os bens celestes, por último, são sobretudo um convite a colocar o amor a Deus acima de todas as coisas. Cristo nos convida a um amor que vai mais além dos mandamentos. A perfeição consiste em uma entrega mais completa a Cristo. Quando será minha resposta?

Propósito

Viver com desprendimento de coração. Hoje compartilharei com os demais alguns dos bens que recebi de Deus.

Fontes: http://www.hablarcondios.org/meditacaodiaria.asp e Meditação diária do Regnum Christi.